sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

sábado, 1 de dezembro de 2012









"Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares demais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer."


Miguel Sousa Tavares em "No teu deserto"









nunca se diz tudo o que se quer.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012


Nunca representaste muito bem o papel que te cabia, penso que nunca sequer tiveste dom para isso. Talvez até o tivesses se tentasses levar o rumo da tua vida de forma diferente mas tu, Deus, o destino ou que quer que seja não quis que fosse dessa maneira. Sabes que podias ser tudo o que quisesses, voar até onde te apetecesse, ter o carinho, o amor e o respeito daqueles que por ti fariam tudo mas que ao invés disso, preferiste pisar e magoar continuamente ao longo da vida. 
Sempre viveste de forma excêntrica e irresponsável, não seria de esperar que não mantivesses essa atitude até ao fim... E foi exactamente aquilo que fizeste. 
Aprendi desde sempre a viver sem ti, sem revoltas nem traumas, em paralelo com o "estigma" do que era ter-te como pai. Cresci e amadureci mais cedo por tua causa, com o tempo desenvolvi uma personalidade fria e ríspida mas não te culpo por isso, pelo contrário. Indirectamente ensinaste-me a criar uma protecção, uma defesa contra as pessoas. Achava eu que o meu sentimento por ti se definia por um misto de desprezo, indiferença e pena... 
Até que tu partes... E aí o meu mundo deixa-se abalar de uma maneira como nunca imaginei que acontecesse nesta situação. Fui obrigada a dar razão a uma frase que sempre contra-argumentei com unhas e dentes: "pai é pai"... Nunca pensei que me custasse tanto ver-te desaparecer e saber que mesmo que eu quisesse nunca mais te poderia ver nem falar contigo, que nunca poderia mudar algumas coisas nem saber a resposta de algumas perguntas que ficaram por responder e que me ficarão para sempre na cabeça. Foi a sensação mais estranha da minha vida. 
Cheguei a pôr isso em causa mas eu sei que à tua maneira, tu nos amavas, e nós também sempre te amamos apesar de tudo. Todos os pais são diferentes, uns mais carinhosos e atentos do que outros, outros mais severos e rígidos. Tu foste longe de ser o melhor pai do mundo mas foste e continuarás a ser sempre o meu pai. E perdoei-te tudo aquilo que havia para perdoar...


Descansa em paz Pai.


Uma pessoa só morre quando deixa de ser lembrada *
10.09.2012

quarta-feira, 1 de agosto de 2012



    "O amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam."


Eça de Queiroz
 (século XIX)




Realmente existem filosofias, pensamentos e afins, de facto, intemporais. Dois séculos volvidos e a essência da coisa permanece igual.


sábado, 28 de julho de 2012






"Para chorar é necessário ver. A mais pequenina dor que diante de nós se produza e diante de nós gema, põe na nossa alma uma comiseração e na nossa carne um arrepio, que lhe não dariam as mais pavorosas catástrofes passadas longe, noutro tempo ou sob outros céus."





Eça de Queiroz; Bilhetes de Paris 

sábado, 30 de junho de 2012





“Espero por ti porque acho que podes ser o homem da minha vida. E espero por ti porque sei esperar, porque nos genes ou na aprendizagem da sabedoria mais íntima e preciosa, há uma voz firme e incessante que me pede para esperar por ti. E eu gosto de ouvir essa voz a embalar-me de noite antes de, tantas e tantas vezes, te encontrar nos meus sonhos, e a acalentar-me de manhã, quando um novo dia chega e me faz pensar o quão longa e inglória pode ser a minha espera.”

Margarida Rebelo Pinto



,,, why the fuck can't I just let you go? as simple like that...

quinta-feira, 7 de junho de 2012



Já não sei dizer nada. Isto mais parece uma novela, sabes? Foram dias e semanas sem falar contigo, sem ter qualquer tipo de notícia tua, e isso fez-me tão bem... Quando eu achava que a história estava adormecida ou mesmo que tinha acabado para mim, que te tinha bem fechado e controlado num canto qualquer aqui dentro, eis que tu chegas e na tua figura mais imponente viras o meu mundo do avesso e transformas em estilhaços a protecção que criei contra ti.
Sei que aos teus olhos posso parecer fria, rude e demasiado ponderada mas por incrível que te possa parecer existem coisas que me conseguem tocar a alma. As tuas "parábolas", os teus códigos e mensagens subliminares são um exemplo de uma delas. Deixas-me sempre na incógnita. Fico sempre a pensar se entendi mesmo o que realmente me quiseste dizer ou se foi apenas aquilo que eu quis entender, ou então o que eu gostava que me dissesses. É verdade que gosto de uma boa dose de mistério mas aprecio muito mais a verdade. Não te percebo, nunca te irei perceber, isso é ponto assente. É irónico que nunca tenhamos sido nada um ao outro, e que tu nunca tenhas passado de uma ilusão. Mas não achas que já é tempo de deixar o jogo de lado e ter por fim uma conversa sincera e sem rodeios de modo a perceber o que foi isto? Tenho a certeza de que só assim me irei libertar de ti e desta história. Por favor, não me negues isso, tu já tens a tua vida do teu lado, deixa que um dia eu possa vir a ter a minha também.

Isto dura há tempo demais, porra.





Mas eu notei a tua mudança de atitude, e no fundo, agradeço-te por isso. És mais verdadeiro assim.



sábado, 26 de maio de 2012

(...)



"Não sou para todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestade. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias..."


Caio Fernando de Abreu

domingo, 6 de maio de 2012

first love


"É fácil saber se um amor é o primeiro amor ou não. Se admite que possa ser o primeiro, é porque não é, o primeiro amor só pode parecer o último amor. É o único amor, o máximo amor, o irrepetível e incrível e antes morrer que ter outro amor. Não há outro amor. O primeiro amor ocupa o amor todo. 
Nunca se percebe bem por que razão começa. Mas começa. E acaba sempre mal «só porque acaba». Todos os dias parece estar mesmo a começar porque as coisas vão bem, e o coração anda alto. E todos os dias parece que vai acabar porque as coisas vão mal e o coração anda em baixo. 
O primeiro amor dá demasiadas alegrias, mais do que a alma foi concebida para suportar. É por isso que a alegria dói — porque parece que vai acabar de repente. E o primeiro amor dói sempre de mais, sempre muito mais do que aguenta e encaixa o peito humano, porque a todo o momento se sente que acabou de acabar de repente. O primeiro amor não deixa de parte «um único bocadinho de nós». Nenhuma inteligência ou atenção se consegue guardar para observá-lo. Fica tudo ocupado. O primeiro amor ocupa tudo. É inobservável. É difícil sequer reflectir sobre ele. O primeiro amor leva tudo e não deixa nada. 
Diz-se que não há amor como o primeiro e é verdade. Há amores maiores, amores melhores, amores mais bem pensados e apaixonadamente vividos. Há amores mais duradouros. Quase todos. Mas não há amor como o primeiro. É o único que estraga o coração e que o deixa estragado. 
(..)
Há amores melhores, mas são amores cansados, amores que já levaram na cabeça, amores que sabem dizer “Alto-e-pára-o-baile”, amores que já dão o desconto, amores que já têm medo de se magoarem, amores democráticos, que se discutem e debatem. 
O primeiro amor é o único milagre da nossa vida — «e não há milagres em segunda mão». É tão separado do resto como se fosse uma primeira vida. Depois do primeiro amor, morre-se. Quando se renasce há uma ressaca. "
Miguel Esteves Cardoso



Não duvido que quem ler isto, inevitavelmente, viaje nas suas memórias, se identifique, recorde e compare o que foi vivido com o que está escrito. 

Mais ninguém se conseguiria expressar de melhor forma. Quem tem o dom, tem-no mesmo.


No seguimento da nossa conversa, aqui tens pequena (: *

quarta-feira, 2 de maio de 2012


Porque é, sem dúvida alguma, o que de mais completo eu consigo dizer acerca de ti.
Odeio a tua arrogância, odeio a tua mania de superioridade, odeio a tua infinita e exagerada auto-estima. 
Odeio as tuas piadas, odeio a tua ironia, odeio o teu sarcasmo.
Odeio a tua indiferença, odeio a tua persistência, odeio a tua "bipolaridade".
Odeio o teu ar de player, odeio os teus mistérios, odeio a tua maneira de ser.
Odeio. Odeio. O d e i o !

"But mostly, I hate the way I don't hate you, not even close. Not even a little bit. Not even at all."

Abomino que apesar disso tudo o meu "ódio" por ti continue abaixo de zero...


quinta-feira, 26 de abril de 2012

Histórias Inacabadas





Existem histórias e histórias. 
Histórias de amor, de ódio, histórias de vida. 
Umas delas são passíveis de serem contadas, entoadas e exageradas de geração em geração, de serem invejadas pela singela beleza e inocência de um amor impossível que depois, como que por milagre, se transforma num simples "foram felizes para sempre". Depois existem outras mais calmas, banais e aborrecidas em que a segurança, a rotina e o hábito de ter a mesma companhia dia após dia por si só já dita a sua continuidade. Não deixam de ter a sua graça mas a verdade é que não fazem perder o sono a ninguém. 
E depois existem as histórias inacabadas... Que são aquelas que vão e vêm; que nos marcam, matam, torturam e despedaçam. São aquelas histórias que nos fazem passar noites em claro numa altura, e noutra ter o acto mais frio, calculista e insensível para com o outro protagonista. São histórias instáveis, inconstantes, nem sempre presentes. Por vezes ficam apagadas, quase esquecidas, arrumadas para um canto. Mas depois voltam com toda a sua sensualidade e da forma mais fugaz roubam-nos a consciência e atiram-nos de volta para uma avalanche de sentimentos. São estas histórias as que mais nos magoam, que mais nos apunhalam, que mais nos fazem sangrar, mas mesmo assim insistimos, persistimos e nunca desistimos na esperança de que essa teimosia faça recomeçar outro capítulo. A ilusão de que um dia poderá dar certo faz-nos ter ânimo para continuar incessantemente e da maneira mais firme e doentia uma luta que se poderá revelar logo à partida, inglória e perdida. Cheias de reticências, vírgulas e pontos de interrogação, são histórias perigosas que por vezes precisam de coragem suficiente para deixarem de ser escritas e que nelas seja colocado um urgente, necessário e bem desenhado PONTO FINAL.



(e eu sei que é exactamente isso que tenho de fazer.)

sábado, 14 de abril de 2012


"- Perdoe-me, patrão. Porque há qualquer coisa que está mal. Sinto um cheiro mau no ar.
- Não há nada de mau, Sebastião. Havia apenas umas dúvidas que eu tinha. Essas dúvidas acabaram agora. Tudo morreu ali, naquela casa.
- Essa mulher, essa inglesa, patrão, vai desgraçá-lo. Eu sempre o senti. (...) Desde a primeira vez que a vi entrar lá em casa. Nunca tinha visto uma mulher tão bonita, em toda a minha vida.
- E então?
- Mulher bonita demais anuncia desgraça em terra.
- O que é isso? É um provérbio?
- É uma coisa que eu aprendi, patrão.

(...) O tiro sobressaltou-os a ambos, já quase adormecidos. Embora, no caso de Sebastião, tenha sido mais o som do tiro do que o seu próprio significado que o surpreendeu. Pôs-se de pé e olhou para a janela do escritório, onde a luz ainda estava acesa. Benzeu-se e murmurou, olhando o céu sem estrelas: «Seja feita a Vossa vontade!» Só então entrou dentro de casa, com passo lento e pesado, e dirigiu-se para o escritório, onde Doroteia já chorava, abraçada ao corpo inerte de Luís Bernardo."



Equador = linha que divide a terra em hemisfério norte e sul. Linha simbólica de demarcação, de fronteira entre dois mundos. Possível contracção da expressão «é com a dor» («é-cum-a-dor», em português antigo).



Não seria um blog sobre mim se não estivesse nele uma pequena amostra daquele que eu digo ser um dos livros da minha vida. E esta publicação também não teria o mesmo impacto se não estivesse nela uma referência a ti, minha irmã de alma, que o sentes e vives ainda mais intensamente do que eu. E da próxima vez que lá fores para te despedires daquela terra eu irei contigo para sentir e gravar o tão falado cheiro de África depois das chuvas.

[mas voltas comigo no mesmo avião!!] Fil.E.A.Silva *

terça-feira, 10 de abril de 2012

dangerous game

Tu e eu. Aquele jogo de homem/mulher adultos que se dizia por nós inocente. Os olhares. Os sorrisos. As indirectas... Ou mesmo directas. Os encontros... todos os dias; aquela hora. E de repente tudo acabou! Tudo porque te quis castigar, porque queria que sentisses o mesmo que eu sentia quando vestias a tua máscara mais fria. Fi-lo por mágoa, por nunca me teres contado tudo o que devias, mas no fundo, fi-lo porque imaginei que correrias atrás de uma explicação, de uma resposta, de um perdão, ou no meu subconsciente mais ingénuo e estúpido, que correrias por mim...
É impressionante a maneira como ages de maneira descontraída como se nunca se tivesse passado nada, como se eu não tivesse descoberto o mistério que tu tanto tentavas manter na escuridão. Eu vi: via-a, e vi-te. E o mais importante de tudo, é que tu viste que eu vi. E agora diz-me... não pensaste nisso uma única vez?
Disse-te uma vez que por mais que tentasse não te conseguia decifrar, tu disseste-me para te perguntar o que quisesse de modo a fazer-me entender-te, por isso pergunto-te agora: que nome deste tu a tudo isto? Que lugar ocupava eu na tua mente, na tua vida, no teu interior?
Foste o ser humano mais complicado, complexo e intrigante que eu alguma vez conheci, e curiosamente, foste também aquele que mais mexeu comigo. Não consigo definir se o que tens é falta de carácter, uma personalidade retorcida ou se foi simplesmente alguma parte do teu passado que te fez ser assim. Só sei que na brincadeira te dizia que me davas cabo da cabeça e adivinha lá? Deste mesmo...



[eu finjo, minto, juro que não, mas a verdade é que sinto a tua falta para c******)