quinta-feira, 26 de abril de 2012

Histórias Inacabadas





Existem histórias e histórias. 
Histórias de amor, de ódio, histórias de vida. 
Umas delas são passíveis de serem contadas, entoadas e exageradas de geração em geração, de serem invejadas pela singela beleza e inocência de um amor impossível que depois, como que por milagre, se transforma num simples "foram felizes para sempre". Depois existem outras mais calmas, banais e aborrecidas em que a segurança, a rotina e o hábito de ter a mesma companhia dia após dia por si só já dita a sua continuidade. Não deixam de ter a sua graça mas a verdade é que não fazem perder o sono a ninguém. 
E depois existem as histórias inacabadas... Que são aquelas que vão e vêm; que nos marcam, matam, torturam e despedaçam. São aquelas histórias que nos fazem passar noites em claro numa altura, e noutra ter o acto mais frio, calculista e insensível para com o outro protagonista. São histórias instáveis, inconstantes, nem sempre presentes. Por vezes ficam apagadas, quase esquecidas, arrumadas para um canto. Mas depois voltam com toda a sua sensualidade e da forma mais fugaz roubam-nos a consciência e atiram-nos de volta para uma avalanche de sentimentos. São estas histórias as que mais nos magoam, que mais nos apunhalam, que mais nos fazem sangrar, mas mesmo assim insistimos, persistimos e nunca desistimos na esperança de que essa teimosia faça recomeçar outro capítulo. A ilusão de que um dia poderá dar certo faz-nos ter ânimo para continuar incessantemente e da maneira mais firme e doentia uma luta que se poderá revelar logo à partida, inglória e perdida. Cheias de reticências, vírgulas e pontos de interrogação, são histórias perigosas que por vezes precisam de coragem suficiente para deixarem de ser escritas e que nelas seja colocado um urgente, necessário e bem desenhado PONTO FINAL.



(e eu sei que é exactamente isso que tenho de fazer.)

sábado, 14 de abril de 2012


"- Perdoe-me, patrão. Porque há qualquer coisa que está mal. Sinto um cheiro mau no ar.
- Não há nada de mau, Sebastião. Havia apenas umas dúvidas que eu tinha. Essas dúvidas acabaram agora. Tudo morreu ali, naquela casa.
- Essa mulher, essa inglesa, patrão, vai desgraçá-lo. Eu sempre o senti. (...) Desde a primeira vez que a vi entrar lá em casa. Nunca tinha visto uma mulher tão bonita, em toda a minha vida.
- E então?
- Mulher bonita demais anuncia desgraça em terra.
- O que é isso? É um provérbio?
- É uma coisa que eu aprendi, patrão.

(...) O tiro sobressaltou-os a ambos, já quase adormecidos. Embora, no caso de Sebastião, tenha sido mais o som do tiro do que o seu próprio significado que o surpreendeu. Pôs-se de pé e olhou para a janela do escritório, onde a luz ainda estava acesa. Benzeu-se e murmurou, olhando o céu sem estrelas: «Seja feita a Vossa vontade!» Só então entrou dentro de casa, com passo lento e pesado, e dirigiu-se para o escritório, onde Doroteia já chorava, abraçada ao corpo inerte de Luís Bernardo."



Equador = linha que divide a terra em hemisfério norte e sul. Linha simbólica de demarcação, de fronteira entre dois mundos. Possível contracção da expressão «é com a dor» («é-cum-a-dor», em português antigo).



Não seria um blog sobre mim se não estivesse nele uma pequena amostra daquele que eu digo ser um dos livros da minha vida. E esta publicação também não teria o mesmo impacto se não estivesse nela uma referência a ti, minha irmã de alma, que o sentes e vives ainda mais intensamente do que eu. E da próxima vez que lá fores para te despedires daquela terra eu irei contigo para sentir e gravar o tão falado cheiro de África depois das chuvas.

[mas voltas comigo no mesmo avião!!] Fil.E.A.Silva *

terça-feira, 10 de abril de 2012

dangerous game

Tu e eu. Aquele jogo de homem/mulher adultos que se dizia por nós inocente. Os olhares. Os sorrisos. As indirectas... Ou mesmo directas. Os encontros... todos os dias; aquela hora. E de repente tudo acabou! Tudo porque te quis castigar, porque queria que sentisses o mesmo que eu sentia quando vestias a tua máscara mais fria. Fi-lo por mágoa, por nunca me teres contado tudo o que devias, mas no fundo, fi-lo porque imaginei que correrias atrás de uma explicação, de uma resposta, de um perdão, ou no meu subconsciente mais ingénuo e estúpido, que correrias por mim...
É impressionante a maneira como ages de maneira descontraída como se nunca se tivesse passado nada, como se eu não tivesse descoberto o mistério que tu tanto tentavas manter na escuridão. Eu vi: via-a, e vi-te. E o mais importante de tudo, é que tu viste que eu vi. E agora diz-me... não pensaste nisso uma única vez?
Disse-te uma vez que por mais que tentasse não te conseguia decifrar, tu disseste-me para te perguntar o que quisesse de modo a fazer-me entender-te, por isso pergunto-te agora: que nome deste tu a tudo isto? Que lugar ocupava eu na tua mente, na tua vida, no teu interior?
Foste o ser humano mais complicado, complexo e intrigante que eu alguma vez conheci, e curiosamente, foste também aquele que mais mexeu comigo. Não consigo definir se o que tens é falta de carácter, uma personalidade retorcida ou se foi simplesmente alguma parte do teu passado que te fez ser assim. Só sei que na brincadeira te dizia que me davas cabo da cabeça e adivinha lá? Deste mesmo...



[eu finjo, minto, juro que não, mas a verdade é que sinto a tua falta para c******)