Existem histórias e histórias.
Histórias de amor, de ódio, histórias de vida.
Umas delas são passíveis de serem contadas, entoadas e exageradas de geração em geração, de serem invejadas pela singela beleza e inocência de um amor impossível que depois, como que por milagre, se transforma num simples "foram felizes para sempre".
Depois existem outras mais calmas, banais e aborrecidas em que a segurança, a rotina e o hábito de ter a mesma companhia dia após dia por si só já dita a sua continuidade. Não deixam de ter a sua graça mas a verdade é que não fazem perder o sono a ninguém.
E depois existem as histórias inacabadas... Que são aquelas que vão e vêm; que nos marcam, matam, torturam e despedaçam. São aquelas histórias que nos fazem passar noites em claro numa altura, e noutra ter o acto mais frio, calculista e insensível para com o outro protagonista.
São histórias instáveis, inconstantes, nem sempre presentes. Por vezes ficam apagadas, quase esquecidas, arrumadas para um canto. Mas depois voltam com toda a sua sensualidade e da forma mais fugaz roubam-nos a consciência e atiram-nos de volta para uma avalanche de sentimentos. São estas histórias as que mais nos magoam, que mais nos apunhalam, que mais nos fazem sangrar, mas mesmo assim insistimos, persistimos e nunca desistimos na esperança de que essa teimosia faça recomeçar outro capítulo. A ilusão de que um dia poderá dar certo faz-nos ter ânimo para continuar incessantemente e da maneira mais firme e doentia uma luta que se poderá revelar logo à partida, inglória e perdida. Cheias de reticências, vírgulas e pontos de interrogação, são histórias perigosas que por vezes precisam de coragem suficiente para deixarem de ser escritas e que nelas seja colocado um urgente, necessário e bem desenhado PONTO FINAL.
(e eu sei que é exactamente isso que tenho de fazer.)

